domingo, 27 de fevereiro de 2011

A despedida

Ele era mais um prisioneiro na escuridão
Por onde andava, faltava o chão
Queria liberdade, vivia escravidão
Escravo da própria vontade,
num mundo de desilusão
Longe da felicidade, ao lado da depressão
Sua esperança naufragava  em um mar de solidão
Tinha tanta saudade da vida que não viveu
das emoções que não sentiu,
do amor que não aconteceu
Rapaz criança, invisível para a multidão
Vítima do destino assassino,
morto pela arma da incompreensão
Apenas mais um menino  que não aguentou a pressão
Sem forças para lutar: desistiu e tombou
Vestiu-se de coragem e nada mais o deteve:
Recados e abraços de despedida
O rapaz abandonou a vida
A vida que ele nunca teve

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sem tempo

"Felicidade, passei no vestibular,
mas a faculdade ela é particular"
É particular sim, mas e daí?
O que me importa é que eu consegui
Mesmo depois de tanto tempo sem estudo
o Enem me deu a chance de ter o meu canudo
Dinheiro pra pagar? Ah eu estou imune
Graças a Deus a minha vaga é do Prouni
e vou estudar com bolsa integral
Para ser uma excelente profissional
Essa felicidade ninguém estraga
Para o curso que eu queria só tinha uma vaga
Entre tantas pessoas, saí vitoriosa
e trouxe Psicologia pro meu mundo cor de rosa
Sem dinheiro e tanto livro pra comprar...
Mas nada pode me impedir de estudar
Até já baixei alguns pelo computador
e alguns uma amiga me emprestou
Estou acordando as seis horas da manhã
Não dá tempo de comer sequer uma maçã
saio que nem uma louca apressada
e logo cedo, a condução já está lotada
Não dá para eu entrar, eu vou na porta
e nem ligo, chegar é o que me importa
Quando a aula termina, não dá para eu parar
outro ônibus e quinze minutos pra almoçar
Engulo o almoço e vou pegar a lotação
e no trabalho não chego atrasada não
De lá, só saio as vinte e duas
Como demora pra passar a tal perua:
Chego na casa da minha mãe por volta das vinte e três
Tomo um banho, janto e vou dormir
No dia seguinte, começa tudo outra vez
não dá tempo nem de postar aqui
fim de semana vou para a comunidade
sou voluntária e tenho responsabilidades
Estou arrumando tempo pra passar
nos blogs amigos para comentar
Não poder ler vocês sempre, é uma decepção
Mas podem ter certeza que levo todos no coração

Agradeço muito , muito mesmo a Cleiane , minha amiga- irmã querida, que além de ter torcido junto comigo por várias madrugadas e de ter  me apoiado e incentivado, fez um post lindo para mim: A Esperança é Cor-de-Rosa! . Amo você Clei.
Amigos, estarei passando no blog de cada um, viu? Grande beijo a todos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Veneno

Ninguém é dono do mundo
muito menos da verdade
viver a vida dos outros
é crise de identidade
Todo mundo tem o direito de ser feliz
Cada um que cuide do seu nariz
Não me venha falar de Fulano
ou o que anda fazendo o Sicrano
Não me interessa
Esse tipo de assunto me estressa
De todas maldades do mundo
intriga é a coisa mais feia
Ser humano não é Deus
pra julgar a vida alheia
Pessoas valem mais que dinheiro
vida não é jogo de poder
Quem muito fala dos outros
é que não tem nada a dizer
É fácil condenar
díficil é entender
A beleza sempre está
nos olhos de quem vê
Perfeição não existe
gente não é escada
Aquele que agride os outros
da vida, leva porrada
quem pensa que sabe tudo
na verdade não sabe nada

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Santos

Dia de sol
Na cidade praiana
Alegria geral
no final de semana
A canga estampada
esticada na areia
Um fica na sombra
outro se bronzeia
E pra criançada
tem refrigerante
tem porção de fritas
igual restaurante
E quem não aguenta
o sol escaldante
Mergulha na onda
de um mar refrescante
Uma tarde
regada a felicidade
As praias mais bonitas
são as de minha cidade
Cidade de maravilhas
recheadinha de encantos
Pra mim, nenhum lugar
é tão lindo quanto Santos
Posso viajar
conhecer e gostar
de outra cidade encantada
Posso elogiar
Ver beleza em outro mar
e ficar admirada
Mas logo meu coração chora
pedindo para ir embora
querendo voltar pra Baixada
Pra cidade que minha alma ama
Quando longe, ela me chama
Não troco Santos por nada

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Indiferença

Criança largada
Descalça, pisa na sujeira
Ainda usa fralda
Senta na calçada
e lá fica a tarde inteira
em frente ao bar
esperando que o pai
levante da cadeira
mas o pai não levanta
continua bebendo
em plena segunda feira
Cachorro largado
correndo pela avenida
Se é atropelado
é mais um que perde a vida
A mãe da criança
é a dona do cão
Ela passa por eles
e nem dá atenção
Corre pro bar
Atrás do "marido"
Começam a brigar
o silêncio é interrompido
E a criança assistindo
e o cachorro latindo
E a mulher insistindo
e o homem caindo
com o alcool subindo
Ele só pensa na bebida
Ela só pensa em uma saída
Ninguém pensa na criança
que cresce pelas ruas, esquecida
Ninguém pensa no cachorro
que revira sacos de lixo
tentando encontrar comida
Pra que pegar cachorro?
pra que fazer filho, se não vai amar?
Ô gente perdida
Brincando com vida
sem saber brincar...