terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lágrimas...

Era uma lágrima. 
Uma lágrima triste e reprimida,
 que sonhava em ser alguém na vida
Mas, não era...
Apesar de ser lágrima sincera,
Era tímida. Vivia escondida.
Conhecer o mundo? Quem dera...
Vivia na ilusão de quem espera.
Com medo de ser reconhecida.
Havia outra lágrima
Que gritava por liberdade
Por alguém que a notasse
Uma lágrima fujona,
Deslizando pela face
Avistou sua companheira
E em sua essência de amor,
Quis dividir com ela
sua angústia, sua dor
E amaram-se.
Entregaram-se
transformaram-se em uma só
A mesma essência,
Dividiram o que tinham de melhor
E dessa entrega carinhosa
Nasceram outras meninas
meninas dos olhos...
tingindo de  rosa
o branco da paz
Eram crianças, crianças pequenas
que alimentadas  de angústia
cresceram, tornaram-se moças
e descobriram, com astúcia
que a união faz a força...
Juntaram-se em pranto
E não puderam mais ser contidas
entre soluços e desencantos
com a alma amortecida
atiraram-se na vida
Mas, então
que ingrata desilusão...
distraídas com a beleza da terra,
vendo a brisa escorrer do céu
foram todas atropeladas
por um lenço de papel...
  Emocionada, posto meu primeiro Prêmio-selo

Meu blog "Blog da Fofa"  foi agraciado (o que me fez muito feliz) pela simplicidade e pureza de conteúdo, pela amiga Barbara Nonato da Minha Essência (http//barbaranonato.wordpress.com) e também pela amiga Liane, do Blog da Liane -Do outro lado do Espelho (http://blogdaliani.blogspot.com), pela admiração que tem pelo meu trabalho, com um prêmio-selo. Também foi me proposto por elas um desafio, composto de sete perguntas, cada uma com 7 respostas
1) O que pretendo fazer antes de morrer
-Escrever um livro
-Ter uma filha
-Ser entrevistada pelo Jô Soares
-Fazer faculdade de psicologia
-Plantar uma árvore
-Aprender a tocar violão
-Conhecer a Grécia

2)Palavras ou expressões que mais falo
-Ai que fofooooooooo
- Faça o que seu coração mandar...
-Há um complô universal contra mim
-Você está aí, eu estou aqui: um de nós dois tá no lugar errado
-Você não tem família? (qdo alguém que eu gosto não me liga)
-Tá com saudade?
-Meu coração já está todo remendado...

3)Coisas que eu faço bem
-Desenhar
-Ajudar as pessoas
-Escrever
-Artesanato
-Comer
-Palhaçada
-Bagunça

4)Meus defeitos
-Preguiçosa
-Ansiosa
-Impulsiva
-Grudenta
-Impaciente
-Muito carente
-Insegura demais

5)Minhas qualidades
-Extremamente amiga
-Leal
-Carinhosa
-Inteligente
-Voluntária
-Compreensiva
-Palhaça

6)Coisas que eu amo
-Minha Família
-Meus amigos
-Meus animais
-Música
-Meu computador
-A Comunidade Terapêutica República da Vida ( que eu faço voluntariado)
-Psicologia
-Ajudar as pessoas

7)Blogs que eu gosto muito e por isso ofereço o selo e também o desafio das perguntas:
-Amo o blog do Thalles (http://tallesazigon.blogspot.com), pela sensibilidade e emoção que ele me passa
-o do Lupo (http://pensamentosdolupo.blogspot.com) que tem uma graciosidade em suas palavras
-o blog da Maria Helena (http://pintandoosetecomavida.blogspot.com) pelos poemas delicados e profundos
-o blog do Silvio Afonso (http://palhacopoeta.blogspot.com) por dividir suas emoções, um pouco da sua vida e pela poesia no seu texto
-do André Mansim (http://amansim.blogspot.com) pelo humor, graça e simplicidade
-da Izil Gallu (http://izil.blogspot.com) porque seus poemas e textos me cativam e muitas vezes me encontro neles
-da Cleiane Oliveira (http://aprendizdeideias.blogspot.com) que é talentosa, se intitula aprendiz, mas muitas vezes é professora

Esses são Blogs que eu acompanho sempre e que comento com prazer porque cada um ao seu estilo, me traz paz, reflexão, emoção ou humor. Mas, gostaria de deixá-los bem a vontade para decidir se querem ou não postar o selo. E não quero de forma alguma que se sintam obrigados a isso, coloquei seus nomes por realmente ser admiradora do conteúdo de seus respectivos blogs. Mas, não é o selo que me fará gostar mais ou menos de cada um . Amo todos vcs. Ah, e não desmereço em aspecto algum os outros blogs. Se não gostasse, seria impossível seguí-los. Foi mto difícil escolher os sete pq amo todos os que sigo. Assim,acabo me sentindo meio mal, não gostaria de ser injusta com nenhum. E podem ter certeza que, aos poucos, conforme os selos chegarem irei prestigiando um por um.

Não citei o blog da Liane e o da Bárbara, que são fantásticos, para não parecer que são bons só porque me indicaram. Afinal, são lindos, puros e já tem os seus merecidos selos. Mto obrigada às duas, estou lisonjeada. Bjos a todos. Fiquem com Deus

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Homenagem ao meu avô

Voa poeta  (Martinus Hoyer)

Voa poeta, voa
Nas asas da inspiração
Vai semear poesia
no seio da Criação
canta na Serra Leoa,
Em Atenas e Istambul,
distribuindo harmonia
pelas molduras do azul
Mas, não te esqueças da gente
Agitada e envolvente
dessa nossa Paulicéia
entregue à poluição
Tranquiliza essa colméia
de abelhas, desvairada
dando o toque de Alvorada
para sua redenção
Voa poeta, voa
Pela Terra da Garoa
nas asas da imaginação

domingo, 28 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo...

Resolvi postar hoje uma paródia, como forma de protesto pelos últimos acontecimentos na cidade maravilhosa:
O Rio de Janeiro
Continua caindo
O Rio de Janeiro
Tem gente morrendo
O Rio de Janeiro
de abril a março
Ratatatá, Joãozinho
Um tiro no braço!
Ratatatá o Paulinho
Já perdeu o baço
Loirinha semi nua
Sangue na poupança
Acertaram a gordinha
Tem furos na pança
E continuam dando
tiros tão certeiros
Ratatatá, menininha
Pipoco no traseiro
Vê se foge Terezinha
do Rio de Janeiro
Ratatatá Amandinha
Não tem peito de aço
Ratatatá, Mariazinha
Aperta o passo!
Morreu moça na favela
Aquele Abraço!
Atropelaram a magrela
virou papel almaço
Um caindo no bueiro
Outro indo pro espaço!
Ratatatá Iracema
Tá no bagaço!
Acertaram o vagabundo
no antebraço
Algodão no nariz
tem um chumaço
Se um tiro “pega eu”
Não sei o que faço!
Prá você que morreu
Buuummm!
Cadaver no terraço!
Furo no pobre padeiro
Tem um calhamaço
E do meu Rio de Janeiro
Só sobrou estilhaço

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Programa do Jô: um sonho

Escrevi p Caldeirão,
Carta cheia de emoção
Recheada de ternura:
“Peço com toda a doçura,
Que o Jô me entreviste!”
Qual a minha decepção...
Luciano me fez triste:
_Essa possibilidade não existe”
Suas palavras foram duras
_“Cara fofa sonhadora,
Exclamou, ao vivo e à cores:
“Loucura, loucura, loucura!!!”

Telefonei no Domingão
Falando do meu desejo
Que ao final da entrevista,
O Gordo me mandasse um beijo
_ Menina, você não é artista
Não Canta, não dança e não pinta
Se quiser ir lá no Jô:
Atenção! Se vira nos trinta!
Assim, o Faustão respondeu
_É cada uma que me aparece
Vê se cresce, ô louco meu!!!

Passei por baixo da mesa
Pra pedir a Ana Maria Braga
que ela me desse a certeza
de me arrumar uma vaga
no Jô, como entrevistada
Mas de repente aquela praga
Do louro José me falou:
_Meu ouvido não é latrina!!!
E junto com ele, zangada
Ana se manifestou.:
_Hummmmmm, Acorda menina

E já eram altas horas,
Eu esbarrei no Serginho
_Serginho, não vá embora
Dê-me só um minutinho
E rapidamente sem demora
O Groisman me atendeu:
_ O q vc quer agora?
Está começando a chover,
Já senti umas três gotas.
Não tenho tempo a perder,
Por isso, fala garota!!!

De tão triste não quis falar nada
Estava ficando desesperada
Mas Willian Bonner apareceu
Passeando na madrugada
Quando tentei lhe falar
Cortou-me tal qual açoite:
_ A Fátima já está irada
Por isso, boa noite!

Avistei então Xuxa saindo
Para ela a vida era mel
Gritei , chamando seu nome:
_Escute-me Meneguel
O Programa do seu amigo Jô
É o meu pedaço de céu
Peça pra ele me entrevistar
Nunca terei alegria igual
Ela respondeu da porta do hotel
_Beijinho, beijinho, tchau, tchau

Esse povo artista é estranho
Parece que acha que eu mordo
Queria só ser entrevistada
e ouvir : _Um beijo do Gordo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um menino e seu destino.

Destino traçado, caminhos e trilhas, cada um por si
Solitário destino, menino cansado, tem muito caminho esperando por ti
Desalmado destino, tem fome o menino, não chora, nem come,
pois tem mais caminho desejando vir
E tenta encontrar; o pobre menino; uma solução, dá vontade de rir
Qual solução, se o destino malvado maltrata e derruba quem tenta subir?
Destino levado, não tem mais caminho, nem tão pouco trilhas pro menino seguir
Acorda menino, não é qualquer um que ganhou do destino um chão pra dormir
Come o pão suado, amanhecido, molhado, que o cruel destino te deu pra engolir
Já não tem mais sonho, menino tristonho, não tem nem vontade de tentar sorrir
Já não tem mais nada, não tem mais menino,
pois o diabo-destino não o deixou existir....

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A grande viagem

        Ponto de ônibus e chuva. Uma combinação perfeita. Lá está Denise, no meio do povo amontoado que tenta se abrigar. Que demora! O serviço deu o cartão-transporte que serve para pegar ônibus, mas no ponto só passou lotação até agora. Gritos interromperam o pensamento da menina:
       _Praia, divisa. Praia, divisa, Praia ? Vai senhora? Praia, praia? Vai morena? Divisa, já tá saindo, já tá saindo...
        Mas, não sai, só fica no está... No mesmo lugar. Ela Acende um cigarro. O ônibus chega. Apaga o cigarro e corre pra conseguir alcançar, já que a droga da lotação não saiu.
        O ônibus se transformou em lotação... Assim de gente, ó! Um zoológico humano. O efeito estufa está preso na condução. Quente, quente... Ela vai se espremendo no meio do povo. Silêncio interrompido. Dessa vez, um moleque danado, ouvindo no celular algo que ele chama de música: 
        “Tchuthuca vai descendo até embaixo. Tchuthuca vai subindo até em cima” 
         Denise se pergunta por que a senhorita Tchuthuca não poderia descer pra cima ou subir pra baixo. O moleque faz questão de compartilhar seu “excelente” gosto musical com os passageiros, talvez para mostrar a potência do celular que roubou de alguém.
         Engraçado como as pessoas que conseguiram um espaço no assento reservado para os idosos sempre estão dormindo quando os velhinhos entram. Denise se lembra do filme “Nosso lar”. Não pode deixar de pensar que o coletivo é o Umbral. Mas, ela, uma menina tão boa estaria fazendo o que ali? 
         Janelas fechadas por causa da chuva. Nessas horas adoraria estar gripada. Mas, infelizmente o odor fétido entranha nas suas narinas e faz o Rio Tietê parecer cheiroso diante dos fatos.
         Uma voz fina e aguda vem fazer companhia à Thuthuca Sobe-Desce:
        _Desculpem atrapalhar a viagem de vocês. Meu nome é Washington e estou desempregado.
         A menina não se lembra de ter perguntado o nome do homem.
        _Tenho 3 filhos. Estou doente, fui despejado, minha mulher me largou, meu filho não anda      
         Denise já ouviu essa fala em algum lugar. (Talvez na novela “Maria do Bairro”)
        _ Estou pedindo a colaboração de vocês para levar um leitinho para meus filhos
        Quando o pai de Denise ficou desempregado ninguém colaborou, ela era pequena e ficou sem o leitinho... Será que o pai deveria ter pedido um copo de leite no ônibus?
         Poucas pessoas estendem uma moeda para o homem que desce praguejando:
        _Povo pão duro, morto de fome...
        Alguém pergunta:
        _Esse ônibus vai pela praia?
        O motorista irônico faz uma piadinha:
       _Não. Vai pela calçada.
        Mau humor. O passageiro não gostou da brincadeira, soltou um palavrão. O motorista revoltado, parou o ônibus para discutir com o homem.
        _Vamo Motô. Tenho pressa.
        _Se tem pressa compre um carro.
         O semáforo estava verde.  A lotação do começo da história tinha que recuperar o tempo perdido e estava em alta velocidade. Estrondo. Uns caindo por cima dos outros. Bateu.
        _Desce todo mundo!!!
        Agora o “barraco” é geral... E a chuva caindo! E a rua inundando
       _Talvez seja melhor ir de barco.
         Depois de alguns trechos da aventura se repetirem no novo ônibus, ela consegue chegar em casa e ouvir a mãe perguntar:
       _Onde você estava até uma hora dessas? Eu aqui dando um duro danado e você passeando por aí....

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Soneto de uma Sonhadora

Às vezes acredito que estou fora de contexto
Em dias de sol, sou constelação
Em pleno inverno, sou chuva de verão
Que derrama o seu pranto sem pretexto

É tão duro ter um coração mole
Que derrete perante um momento triste
Que se quebra com um problema que não existe
E seus cacos, não há “Bonder” que cole

Sou princesa em um barraco cor de rosa
E tem dias que o carinho me maltrata
Eu sou versos, e o meu mundo é tão prosa...

No universo de concreto, ando abstrata
De um ramalhete de cravos, quero a rosa
E dou as mãos à ansiedade que me mata

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Canção de Adolescente

Há alguns anos atrás fiz uma música que não tocou nas
rádios e nem saiu do papel, rs, mas, que hoje eu vou postar aqui e algumas pessoas poderão conhecer:

Um anjo na noite

Eu ando triste como um anjo
que perde seu poder
Ando triste como a própria dor
Não tenho colo, meu mundo é tão sozinho
Não tem sentido viver sem amor
Meus olhos dizem
Não quero escutar
O q pode ser dito com o olhar
Desejo apenas visualizar caminhos
Estou tão perdida, preciso me encontrar

Quando eu penso em tudo que eu podia ser
Que eu queria ser e deveria ser
Vem o silêncio me dizer
Você fez tudo errado
Você fez ao contrário do que deveria fazer

Quero ter boneca de pano
Voltar aos meus quinze anos
Quero amanhecer, amanhecer
A vida é feita de alegria,
Mas tem tanta hora vazia
Pra me anoitecer, anoitecer

Quando eu penso em tudo que eu podia ser
Que eu queria ser e deveria ser
Vem o silêncio me dizer
Você fez tudo errado
Você fez ao contrário do que deveria fazer

domingo, 21 de novembro de 2010

Faroeste Caboclo - O Outro Lado da História (Maria Lúcia)

Tremia de medo a tal de Maria Lúcia
Mas ninguém lhe disse nada quando ela se perdeu
Deixou o pai e o marasmo do sertão
Só pra conseguir o amor que o mundo não lhe deu
Quando criança só pensava em ser querida
A sua mãe perdeu a vida e no parto faleceu
Era o xodó lá no bairro que morava
Mas tinha dislexia e na escola não aprendeu
Ia pra igreja deixar todo seu dinheiro
Para ajudar os pobres, na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
E sentia que um dia ia achar o seu lugar
Ela queria um amor para se casar
igual novela que via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
Não agüentava mais tamanha solidão
Fugia de todos os menininhos da cidade
De tanto brincar sozinha, aos doze ela chorou.
Aos quinze, foi mandada pra um internato
Onde aumentou sua mágoa com tanta falta de amor.
Não entendia como a vida funcionava
crianças passavam fome, roubos, mortes, tanta dor
Ficou cansada de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, pra Brasília se “mudô”.
Lá chegando se deparou com um barzinho
Encontrou uma garçonete com quem foi falar
A garçonete tinha engravidado, não ia ficar no emprego
 Maria foi lhe salvar
Disse ela: "Cheguei agora em Brasília
e preciso urgentemente trabalhar
Pode ir, tem que cuidar da sua filha
Você vai e eu fico aqui no seu lugar"
A garçonete aceitou sua proposta
Ensinou todo o trabalho, tudo que era principal
No bar tinha gente de toda a idade
Ela tinha que dançar de uma forma sensual
"Painho, essa cidade é linda,
Mal cheguei já comecei a trabalhar
Meu patrão é um cara bem maneiro
Ganho quase mil por mês de gorjeta em um bar”
Na sexta-feira ela fazia caridade
voluntária num asilo que cuidava de vovôs
Conhecia muita gente interessante
Descobriu que nesse asilo também estava seu avô
Um peruano que vivia na Bolívia
Às sextas feiras também ajudava lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um primo ele ia apresentar
Maria Lúcia como louca trabalhava
E ainda ouvia graça dos marmanjos lá do bar
Procurava sempre nos jornais da banca
Um emprego melhorzinho para ela poder trocar
Mas ela não tinha muita experiência
Abandonara o colégio, nem chegou a se formar
E voltou mais uma vez praquele antro
Ia bem resignada, não gostava de dançar.
Logo, logo, os malucos da cidade falaram obscenidades:
 “Vem com o papai aqui!”
E a pobre Maria Lúcia magoada
Reclamou e foi mandada embora dali.
Sem amigos, ela quis voltar pro Norte
Começou a usar droga, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência das meninas da cidade
Começou a viciar.
Já no primeiro pico desmaiou
pra uma clínica ela foi pela primeira vez
Tantas marcas de agulha no seu corpo
"Se eu não mudar eu vou morrer de vez"
Agora Maria Lucia era fedida
Desnutrida e excluída no Distrito Federal
Já tinha apanhado de polícia
e também de traficante, vivia passando mal
E o Pablo apresentou o Santo Cristo
E de ter usado drogas ela se arrependeu
O Santo Cristo era um rapaz tão lindo
E o coração dela pra ele Maria Lúcia prometeu
Ela então com Santo Cristo foi morar
Dona de casa ela aprendeu a ser
 “Ô Santo Cristo o meu sonho é casar
E ficar junto até envelhecer"
O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
Veio estragar o seu sonho cor de rosa
O namorado ficou bravo, parecia um leão
Ele gritava com uma cara de mau
Com o ricaço ele saiu na mão
Ela só ouviu “general de dez estrelas”
Santo Cristo estava irado e falava palavrão
O que será esse barraco na minha casa?
é que o marido era Peixes de ascendente em Escorpião"
Ela quis sair, e o marido com ódio no olhar lhe disse:
"Se você for não precisa voltar não"
“Se você for não precisa voltar não”
“Se você for não precisa voltar não”
Essas palavras entraram no coração
Maria ficou sem rumo, sem direção
O destino dela agora era incerto
Mas ir embora era correto, Santo Cristo ia largar
Se embebedou e no meio da bebedeira
ela voltou para as drogas, só queria se picar
Falou com Pablo, reclamou do companheiro
Que a deixara sem dinheiro e começara se armar
Pablo contou que trazia coisas da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que com um tal de Jeremias,
Traficante de renome, Maria Lúcia foi comprar
Ele gostou da mulher de Santo Cristo
E decidiu que com a guria ele ia se amigar
Santo Cristo tinha Winchester-22
Virou bandido, só falava de matar
Maria Lúcia estava com raiva pois
Por causa dele ela voltara a se drogar
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Viciou mais Maria Lúcia que era pra ela se entregar
Aproveitava, fazia coisas indescentes
mas só o Santo Cristo ela queria amar
Mas Santo Cristo há muito não ia pra casa
E Jeremias começou a bolinar
 “Venha cá, quero você Maria Lúcia
Você vai ter que fazer o que eu mandar”
Ele a agarrou brutalmente ela chorou
E pro inferno foi, não só uma vez
Com Maria Lúcia a força ele casou
E um filho nela ele fez
Maria Lúcia tinha morrido por dentro
Jeremias um duelo com Santo Cristo marcou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
Santo Cristo também tinha muita arma
E chamou o Jeremias de porco traidor
e disse que ia matar Maria Lúcia
Xingou Maria de falsa, mal sabia sua dor
 Maria Lúcia não sabia o que fazer
Viu o Santo Cristo na televisão
Eu sofrendo e ele falando na TV
tinha se tornado sem coração
E depois de pensar por duas horas,
Maria Lucia foi embora, queria sair dali
 Viu Jeremias atirando pelas costas
Acertando o Santo Cristo, da vida quis desistir
Então deu um nó na sua garganta,
Ela olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E correu na frente das câmeras e
esbarrou na repórter que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
O pai dizendo:_ “filha não saia daqui”
Logo ela que tinha tanta esperança
"Minha vida agora termina aqui"
E nisso o sol cegou seus olhos
Nos braços de Santo Cristo ela desfaleceu
Segurando na Winchester-22
E o Santo Cristo um beijo lhe deu
"Jeremias, sou mulher. Já teve a mim que mais ‘cê quer
Eu não vou ter esse seu filho não
Olha pra cá seu bandido sem-vergonha
Se me teve foi à força, nunca terá meu perdão"
E o Santo Cristo horrorizado não deu um piu
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lucia uma declaração  ouviu
E morreu com o Santo cristo protetor
E o povo declarava que Maria Lucia linda
Era santa porque escolheu morrer
E a alta burguesia da cidade
comparou tudo com o filme que passava na TV
Maria Lucia  conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, para conhecer
Ele queria arrumar um pretendente
Um carinha boa gente e por ele...
Morrer...

sábado, 20 de novembro de 2010

Vida

Holofotes, câmera, luz, ação!!! Faça o seu melhor! Cenas, momentos. ”Take 1”, gravando: Lágrimas, pranto compulsivo, tragédias. A mocinha se afoga em um mar de lágrimas. Um drama da vida real. Intrigas, inveja, traição... dor. Expressões melancólicas, desesperadoras. Um fato. Triste??? Um labirinto. A mocinha não consegue achar a saída. Corre para um lado. Só há penumbra. Sombras com formatos monstruosos. Tem que fugir da própria sombra. Fugir para onde? Não encontra um espaço no seu próprio coração. Armadilhas. Mergulha dentro de si e sonha. No sonho, a luz, inspiração. Take 2: Palhaço de nariz grande e vermelho. O nariz é vermelho quando se chora. Mas o palhaço está feliz. Ele mostra para a menina um caminho iluminado na sua própria escuridão. O planeta dá voltas. Movimento de rotação? A roda gigante parou lá no alto. Do alto, as coisas tornam-se tão pequenas, irreais... O mundo é rosa, rosa chiclete, como seus pensamentos, tudo é diferente quando existe sonho. Felicidade, risos, gargalhada. O melhor é rir de si mesma. Transformar o drama em comédia. E a mocinha ri, um sorriso puro,que começa tímido e vai se alastrando na sua face. De repente, o riso contagia e ela sorri com o corpo inteiro. Expressões corporais. Take 3: Tudo está azul, azul celeste. Uma paz interrompida. Estrondo... gênero policial. O que ousa atrapalhar os sonhos da mocinha? Investigação. Cada um por si, o palhaço foi embora. E agora? Agora é correr atrás desse mistério... Take 4: Suspense!!! O que está acontecendo? Resolva imediatamente. Quebra cabeça. Segurem o riso, o palhaço sumiu... tantas dúvidas... Como será o dia depois de amanhã? 2012? Não, voltemos a idéia principal. Take 5: Ação, muita ação. Acorde mocinha, o mundo continua girando e você tem que achar o palhaço perdido. Mocinha Jones, aventura. Enfrente o desconhecido, sem medo. Jogue a bomba que tem no seu coração. Segure a corda, pule, mexa-se, Salte do décimo andar, mas caia de pé. Take 6, gravando: A mocinha não conseguiu cair em pé. Tinha um abismo e monstros na sua imaginação. Terror... Tem sangue.... Muito sangue. O sangue nos filmes é de mentirinha. É molho de tomate. No labirinto,ela segue as migalhas de pão que João e Maria deixaram... Take 7: Um conto de fadas... Ela caminha sozinha como uma gata borralheira. Mas, eis que surge de repente, o palhaço, o palhaço triste dos seus sonhos. Ela o abraça forte. Ele enxuga suas lágrimas. Mocinha direita, agora limpa a maquiagem do palhaço e visualiza um rosto lindo, delicado. O beijo acontece... Uma cena mágica. O palhaço na verdade é seu príncipe encantado. Ele ajuda a mocinha a subir no seu cavalo branco e eles vão viver felizes para sempre. Final feliz. Não tem mais take. Um cenário abandonado... Aplausos. Fim