domingo, 21 de novembro de 2010

Faroeste Caboclo - O Outro Lado da História (Maria Lúcia)

Tremia de medo a tal de Maria Lúcia
Mas ninguém lhe disse nada quando ela se perdeu
Deixou o pai e o marasmo do sertão
Só pra conseguir o amor que o mundo não lhe deu
Quando criança só pensava em ser querida
A sua mãe perdeu a vida e no parto faleceu
Era o xodó lá no bairro que morava
Mas tinha dislexia e na escola não aprendeu
Ia pra igreja deixar todo seu dinheiro
Para ajudar os pobres, na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
E sentia que um dia ia achar o seu lugar
Ela queria um amor para se casar
igual novela que via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
Não agüentava mais tamanha solidão
Fugia de todos os menininhos da cidade
De tanto brincar sozinha, aos doze ela chorou.
Aos quinze, foi mandada pra um internato
Onde aumentou sua mágoa com tanta falta de amor.
Não entendia como a vida funcionava
crianças passavam fome, roubos, mortes, tanta dor
Ficou cansada de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, pra Brasília se “mudô”.
Lá chegando se deparou com um barzinho
Encontrou uma garçonete com quem foi falar
A garçonete tinha engravidado, não ia ficar no emprego
 Maria foi lhe salvar
Disse ela: "Cheguei agora em Brasília
e preciso urgentemente trabalhar
Pode ir, tem que cuidar da sua filha
Você vai e eu fico aqui no seu lugar"
A garçonete aceitou sua proposta
Ensinou todo o trabalho, tudo que era principal
No bar tinha gente de toda a idade
Ela tinha que dançar de uma forma sensual
"Painho, essa cidade é linda,
Mal cheguei já comecei a trabalhar
Meu patrão é um cara bem maneiro
Ganho quase mil por mês de gorjeta em um bar”
Na sexta-feira ela fazia caridade
voluntária num asilo que cuidava de vovôs
Conhecia muita gente interessante
Descobriu que nesse asilo também estava seu avô
Um peruano que vivia na Bolívia
Às sextas feiras também ajudava lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um primo ele ia apresentar
Maria Lúcia como louca trabalhava
E ainda ouvia graça dos marmanjos lá do bar
Procurava sempre nos jornais da banca
Um emprego melhorzinho para ela poder trocar
Mas ela não tinha muita experiência
Abandonara o colégio, nem chegou a se formar
E voltou mais uma vez praquele antro
Ia bem resignada, não gostava de dançar.
Logo, logo, os malucos da cidade falaram obscenidades:
 “Vem com o papai aqui!”
E a pobre Maria Lúcia magoada
Reclamou e foi mandada embora dali.
Sem amigos, ela quis voltar pro Norte
Começou a usar droga, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência das meninas da cidade
Começou a viciar.
Já no primeiro pico desmaiou
pra uma clínica ela foi pela primeira vez
Tantas marcas de agulha no seu corpo
"Se eu não mudar eu vou morrer de vez"
Agora Maria Lucia era fedida
Desnutrida e excluída no Distrito Federal
Já tinha apanhado de polícia
e também de traficante, vivia passando mal
E o Pablo apresentou o Santo Cristo
E de ter usado drogas ela se arrependeu
O Santo Cristo era um rapaz tão lindo
E o coração dela pra ele Maria Lúcia prometeu
Ela então com Santo Cristo foi morar
Dona de casa ela aprendeu a ser
 “Ô Santo Cristo o meu sonho é casar
E ficar junto até envelhecer"
O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
Veio estragar o seu sonho cor de rosa
O namorado ficou bravo, parecia um leão
Ele gritava com uma cara de mau
Com o ricaço ele saiu na mão
Ela só ouviu “general de dez estrelas”
Santo Cristo estava irado e falava palavrão
O que será esse barraco na minha casa?
é que o marido era Peixes de ascendente em Escorpião"
Ela quis sair, e o marido com ódio no olhar lhe disse:
"Se você for não precisa voltar não"
“Se você for não precisa voltar não”
“Se você for não precisa voltar não”
Essas palavras entraram no coração
Maria ficou sem rumo, sem direção
O destino dela agora era incerto
Mas ir embora era correto, Santo Cristo ia largar
Se embebedou e no meio da bebedeira
ela voltou para as drogas, só queria se picar
Falou com Pablo, reclamou do companheiro
Que a deixara sem dinheiro e começara se armar
Pablo contou que trazia coisas da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que com um tal de Jeremias,
Traficante de renome, Maria Lúcia foi comprar
Ele gostou da mulher de Santo Cristo
E decidiu que com a guria ele ia se amigar
Santo Cristo tinha Winchester-22
Virou bandido, só falava de matar
Maria Lúcia estava com raiva pois
Por causa dele ela voltara a se drogar
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Viciou mais Maria Lúcia que era pra ela se entregar
Aproveitava, fazia coisas indescentes
mas só o Santo Cristo ela queria amar
Mas Santo Cristo há muito não ia pra casa
E Jeremias começou a bolinar
 “Venha cá, quero você Maria Lúcia
Você vai ter que fazer o que eu mandar”
Ele a agarrou brutalmente ela chorou
E pro inferno foi, não só uma vez
Com Maria Lúcia a força ele casou
E um filho nela ele fez
Maria Lúcia tinha morrido por dentro
Jeremias um duelo com Santo Cristo marcou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
Santo Cristo também tinha muita arma
E chamou o Jeremias de porco traidor
e disse que ia matar Maria Lúcia
Xingou Maria de falsa, mal sabia sua dor
 Maria Lúcia não sabia o que fazer
Viu o Santo Cristo na televisão
Eu sofrendo e ele falando na TV
tinha se tornado sem coração
E depois de pensar por duas horas,
Maria Lucia foi embora, queria sair dali
 Viu Jeremias atirando pelas costas
Acertando o Santo Cristo, da vida quis desistir
Então deu um nó na sua garganta,
Ela olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E correu na frente das câmeras e
esbarrou na repórter que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
O pai dizendo:_ “filha não saia daqui”
Logo ela que tinha tanta esperança
"Minha vida agora termina aqui"
E nisso o sol cegou seus olhos
Nos braços de Santo Cristo ela desfaleceu
Segurando na Winchester-22
E o Santo Cristo um beijo lhe deu
"Jeremias, sou mulher. Já teve a mim que mais ‘cê quer
Eu não vou ter esse seu filho não
Olha pra cá seu bandido sem-vergonha
Se me teve foi à força, nunca terá meu perdão"
E o Santo Cristo horrorizado não deu um piu
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lucia uma declaração  ouviu
E morreu com o Santo cristo protetor
E o povo declarava que Maria Lucia linda
Era santa porque escolheu morrer
E a alta burguesia da cidade
comparou tudo com o filme que passava na TV
Maria Lucia  conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, para conhecer
Ele queria arrumar um pretendente
Um carinha boa gente e por ele...
Morrer...

9 comentários:

  1. quero ouvir essa música tocada!!kkkk, viagem pura hein meooooooooo!!!

    Beijo

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  2. Ei!
    Essa música faz parte da vida de
    'quase'
    todo mundo.
    Adoro.
    Bjins entre sonhos e delírios

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  3. Há controvérsias nessa história da Maria Lúcia... Mas adorei a versão! Pelo menos ela conseguiu de certa forma o que queria.

    Bjo anjo!

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  4. Essa é a Carol. Criativa como ninguem mais que eu conheça. Um talento desperdiçado. Bjos - Doug

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  5. Adorei!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Até a próxima.

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  6. Helio Melo ....Disse
    Muito bom sincero,criativo e desperta interesse em quem esta lendo.......gostei.......Parabenssssssssss

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  7. é impossivem ler sem cantarolar no ritimo da musica original,,,parabens....vc tem sensibilidade....um super beijo

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